Notas da Tradução de “A Terra da Noite”

Texto introdutório que pretendo incluir na publicação de minha tradução de “A Terra da Noite”, de William Hope Hodgson, que estou por terminar. Esta é a tradução possível para “A Terra da Noite”. Não é uma tradução literal, embora não chegue a ser uma “recontagem” como as antigas publicações de clássicos da literatura feitas pela Ediouro. Há um provérbio italiano segundo o qual os tradutores são necessariamente traidores, seja da forma seja do espírito do original com que trabalham. Traduttore, traditore e o que resta […]

Ai dos Heróis

Ai de vós que desejais ser heróis. Os vilões não vos perdoarão os pecados da vossa humanidade… — Profecias do Oráculo Cataguasense É relativamente confortável ser mau. Além de incontroverso, pois a média da humanidade só odeia do mau que ele seja revelado, o mal é recompensador. É fácil ser mal. É quase irresponsável. Quem escolhe o caminho do mal pode fazer o que queira e ninguém se desapontará. Dos maus somente se espera que cometam o que há de pior. De fato, algumas pessoas […]

As Coisas e os Nomes das Coisas Não Coisam Bem

Em português as coisas têm nomes diferentes conforme o contexto. Nem toda coisa é a mesma coisa na mão de qualquer um, ou em qualquer lugar. Este é um guia rápido para estrangeiros ainda não acostumados aos nossos modos. Mulher rica, quando se veste bem, fica elegante. A pobre, quando consegue, vira perua. Mau gosto de rico é kitsch, bom gosto de pobre é brega. A mulher do pobre o trai, a do rico adultera. O marido pode ser corno ou um traído, e a […]

O Pior Presente Que Se Pode Ganhar

Os piores presentes que alguém poderia lhe dar incluem uma gravata, se você, como eu, não tem o hábito de usar, meias, que sempre serão menores que o necessário, caso sejam presenteadas, e também aqueles agasalhos de lã feitos em casa por uma de suas tias, sempre empregando duas cores absolutamente discordantes. Bem, minto. Há um presente pior que qualquer destes: canetas. Tentarei explicar. Canetas não são muito úteis hoje em dia, em que as pessoas normalmente escrevem mais em teclados ou superfícies sensíveis ao […]

O Editor Superstar

Esta semana o jornal O Globo publicou matéria sobre Gordon Lish, editor americano que em certa época editou a Esquire. A matéria é extremamente interessante para amadores como eu, mas para profissionais também. Acredito que há muita reflexão produtiva que se pode fazer a partir do conteúdo. A primeira impressão que o texto me deixou foi profundamente negativa, um sentimento de verdadeira repulsa. Afinal, o tipo de relação entre editor e autor que é defendido por Lish (e pelo autor da reportagem) não parece nada […]