De Improviso, a Alma

De improviso, a alma lembra
algum rastro de um livro que passou
pelos sonhos de um dia que senti
como outro dia dentro de uma vida
que passa de improviso e se arrasta
quase livre, mas ainda aqui retida.

Na estante do passado existe espaço
em um corredor imerso em penumbra,
pelas prateleiras pulsam páginas
propelidas por pequenos pensamentos
e abortos de pensamentos, que caíram
antes de serem inseridos em projetos.

Cada livro que é largado sem ser lido
na biblioteca do profundo esquecimento,
cada livro cuidadosamente colocado
é um sonho que alguém não sorveu,
uma lenda ou lição que se perdeu.

Cada plano que não pôde ser composto,
cada objetivo que ninguém pensou
é um livro também que nunca se escreveu,
ou pelo menos outra página perdida
na enciclopédia encadernada em negro
que as lendas dizem que, um dia,
Alguém lerá, por um motivo.

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