Não Vou Hibernar Agora

Nos últimos dias os leitores deste blog devem ter notado que andei sumido: nenhuma postagem nova, nenhuma mudança no leiaute.Como também andei sumido do Facebook e me afastei definitivamente do Orkut, é possível que muitos estejam supondo que eu tenha resolvido hibernar da web. Mas as coisas não são bem assim. A última semana, entre 5 e 12 de março, foi caracterizada por uma bela aventura informática, digna dos meus tempos de aspirante a “ráquer”: uma acidentada migração de sistemas operacionais. Em 2001, injuriado com […]

Síndrome de Abstinência

Nada é tão difícil na vida quanto superar fases. Tomar decisões é algo muito fácil, enfrentar as consequências é algo mais complicadinho. No momento em que você decide tomar uma atitude você se sente um super herói, capaz de ir até o fim com todas as suas decisões e determinações. Infelizmente o super herói não é o Superman, mas o Ultraman. Explico: nossas decisões não são invulneráveis e imaculadas, motivo de admiração para todos que nos veem e conhecem. Em vez disso, elas são precárias […]

Pássaros Depois do Apocalipse

Poucos temas em literatura são tão abertos e fascinantes quanto a ficção científica pós-apocalíptica. Basicamente você tem o direito de «passar a régua» no mundo e reimaginar tudo a seu bel-prazer, dentro de certos limites (bastante amplos). O fato de tanta gente que faz isso ter exatamente a mesma ideia, de um Mundo Mad Max com baratas radioativas, é só falta de imaginação mesmo. Dia desses, debatendo sobre o tema, eu tive essa «viagem alucinógena» sobre como seria a sociedade do futuro se após a […]

O Mistério de «Juninhuuu» Prestes a Cair

Um mistério do Orkut de quase dois anos está prestes a terminar: a identidade de “Juninhuuu Ribeiro”, um fake que postava na comunidade Novos Escritores do Brasil um tópico intitulado “A Minha Saga”, no qual contava as aventuras pornográficas e escatológicas de um alter ego picaresco e inverossímil. Famoso pela “cheirada”, pelo “gol anal” e ereção no teatro; Juninhuuu era uma espécie de mascote da N.E.B., pelo menos enquanto a brincadeira teve graça (e a própria comunidade). Muito bem, até aqui eu falei muito sobre […]

A Vampira de Leopoldina

Estamos tomando uma cerveja no Maneira Mineira quando a figura aparece outra vez, envergando o mesmo sobretudo negro de ontem. Tem os olhos mergulhados numa poça disforme de maquiagem borrada, as orelhas pontiagudas adornadas por alguns brincos de prata, a face pálida parece uma tela virgem perdida no meio da cabeleira solta, esvoaçando, de cor morta e penteado inexprimível. Ela não sorri, parece incomodar-se com o ruído selvagem desta praça animalesca onde se acasala a juventude, mas mesmo assim tão deslocada ela está aqui. Ninguém […]

Semente do Mal

O feiticeiro se debruçava sobre os incunábulos, obcecado com os astros, sentindo a passagem dos decanatos enquanto aguardava o momento propício para dar prosseguimento à sua Grande Obra, quando uma batida à porta se fez ouvir, interrompendo a sua concentração. Praguejando contra dezenas de gerações de habitantes daquela miserável cidade, aonde fora esconder o seu focinho da ignorância supersticiosa dos inquisidores, abandonou o contemplar dos planetas na noite límpida de inverno e desceu as escadas penosamente até a porta de madeira firme, cuja aldraba em […]

Maestro Melancólico

Maria, minha mãe me mandava meditar musicalmente, muitas mudanças marcaram melodiosamente minha mocidade. Moço mal-ajeitado, maquinava melhorar minhas maneiras. Mantive-me metódico, muni-me, motivei-me, movi montanhas. Morávamos mal, modestamente mesmo. Meus melhores momentos, miudezas: merendava mingau miserável, meninas me machucavam, meninos mesquinhos maltratavam-me. Mas memorizava matemáticas, música, momentos melhores. Menosprezava malefícios. Muitos meses medi melancolicamente, mas me mandei! Mudei-me de Minas, mudei muito mais: em Manaus me meti no magistério e me mostrei mau mestre. Muitos me malharam: manjava manuais mas manobrava mal a malta miúda: […]