O Rabo que Abana o Cachorro

Na minha postagem anterior ficou parecendo até que eu sou contra o autor fazer divulgação do seu trabalho. Não é nada disso. Não há nada de errado se o autor opta por divulgar seu trabalho, do jeito que pode. O que está errado é a inversão de prioridades que está ocorrendo: esta disponibilidade do escritor em divulgar o que faz ser percebida pelas editoras como um fator para dar preferência a tais autores. A tese de Danilo Venticinque diz que nenhuma editora preferiria um autor […]

Nós, Os Ridículos

Depois que Rafael Draccon afirmou que não publicaria Rubem Fonseca e recebeu as merecidas críticas, outros próceres do mercado editorial não tardaram a sair em sua defesa. Diferentemente de Draccon, que disse o que disse quase que por ingenuidade, os novos artigos são premeditados para alcançarem um efeito. E para isso empregam toda a técnica argumentativa que disfarça o absurdo óbvio (“não publicar Rubem Fonseca”) e enfatiza um novo modelo de negócio no qual o absurdo é o lugar comum. O artigo que eu me […]

Porque Desprezar o Português

Onde algo é sacralizado, é natural que surjam os contestadores. O iconoclasmo é uma espécie de rito de passagem  para os jovens e uma marca de “independência” dos mais maduros. Provocar essa irreverência é uma maneira eficaz de manipular as pessoas: tendo um judas para chutar o indivíduo acredita que é um contestador, e obedece aos comandos, subreptícios ou explícitos, e segue mais ou menos na direção que interessa ao provocador. Identificado um alvo tido por muitos como sagrado, é muito fácil reunir uma turba de pessoas para cuspir nele, com a desculpa de que estão fazendo a revolução.

Rebola e Dá um Gritinho

Bem, sacode o negócio agora, menina (sacode o negócio) Rebola e dá um gritinho (rebola e dá um gritinho) Vem, vem, vem, vem cá, menina (vem cá, menina) Vem cá fazer a coisa se mexer (fazer a coisa se mexer) Bem, fazer a coisa se mexer (fazer a coisa se mexer) Você sabe que você é muito boa (é muito boa) Você sabe que você me bota para andar (me bota para andar) Do jeito que eu sabia que andaria (eu sabia que andaria) Bem, […]

A Falta Que Faz a Profissionalização

Semana de Carnaval animada e acabo de tomar conhecimento da mais nova travessura do blogue LitFanBR, que costuma esculachar o mercado literário brasileiro, especialmente o voltado para a chamada «Literatura Fantástica» — esse termo genérico para toda obra que inclua coisas que não existem, sejam elas sobrenaturais ou não. Alguém, com o pseudônimo de Super Choque (imediatamente me veio à cabeça a imagem de um nerd negão com óculos de fundo de garrafa e uma fascinação por uniformes) publicou lá um texto que me evocou […]

Visita a uma Livraria do Presente do Indicativo

Ontem me dei conta da falta que faz visitar ocasionalmente uma livraria. Estive brevemente na Leitura “Megastore” em Juiz de Fora e pude compreender muito daquilo que tenho visto e lido na internet. Algumas conclusões foram animadoras, outras terríveis, a maioria apenas remete a uma neutra mudança de padrões, oscilações de modas que não mudam nada. Mudam-se as palavras, mudam-se os estilos, permanece uma falta de sentido que denuncia os tempos perigosos que vivemos.[^1]

De Que Modo?

Uma das maiores dificuldades que há no mundo é a de se ensinar. Quem tenta ensinar geralmente se expõe. Não raramente surge a cobrança da legitimidade: Como você quer me ensinar a falar inglês sem ser nativo? Como vai me ensinar música se toca toscamente esse violão? Como vai me ensinar a dirigir se tem carteira de motorista e seguro de automóvel há dez anos e o seu bônus é zero? Como vai me ensinar a desenhar se os seus personagens parecem tortos no papel? […]

Matem-se

Segundo me contou o meu amigo, também escritor, Emerson Teixeira Cardoso, ele trocou correspondência com Eugene Ionescu quando era jovem. Ao ouvir isso, fiquei excitado e lhe perguntei que grandes revelações o mestre do absurdo lhe fizera, pois ele e alguns amigos tinham justamente um grupo de teatro amador em nossa Cataguases natal, na época da suposta correspondência.

O Jurado de Carvalho

Semanas depois de protagonizar o terceiro escândalo sucessivo relacionado ao Prêmio Jabuti, o “Jurado C”, o crítico paulista Rodrigo Gurgel, finalmente [deu a sua versão](http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1194742-o-sistema-literario-brasileiro-esta-doente-afirma-jurado-c-do-jabuti.shtml) dos acontecimentos. Foi justo a imprensa dar-lhe voz, depois das semanas que passou sendo [malhado](http://letraseletricas.blog.br/lit/2012/10/e-la-vem-o-jabuti-de-novo) como judas em Sábado de Aleluia. O crítico teve sua oportunidade de dar suas opiniões, justificando-se ou não. Muita coisa ficou esclarecida, mas em outros casos a emenda foi maior estrago que o pé quebrado do soneto. Com a autoridade de ser a nulidade literária que sou, atrevo-me a comentar o que ele disse, mais uma vez me esmerando em meu trabalho de queimar todas as possíveis pontes que me fizessem cruzar o Rubicão literário.

O Ódio à Poesia

Acabo de me deparar no Facebook com alguém compartilhando a pequena história em quadrinhos acima. Logo que a li percebi que ali havia assunto para mais do que meramente um “Curtir” ou um “Compartilhar”, mesmo porque não me senti impelido a nenhuma das duas coisas. Como aquela rede social não é muito receptiva a elucubrações mais compridas, preferi postar aqui, mesmo sabendo que menos gente lerá, curtirá ou compartilhará. > Texto escrito em 2012 como resposta à divulgação de uma tirinha em que se manifestava […]