O Valor do Subjetivo

Uma das consequências nefastas da digitização das relações de consumo foi a transformação das relações de consumo cultural, diminuindo a percepção do valor da arte. Tudo agora é digital, pode ser infinitamente copiado, pode ser rapidamente transacionado e somente existe de maneira virtual, como uma sequência de zeros e uns armazenada em algum meio eletrônico. Se antes o objetivo da indústria cultural era replicar, ao máximo, objetos como livros e discos a fim de vendê-los e obter lucro, agora o objetivo a indústria cultural é […]

O Colonialismo na Era da Informação

Você já deve ter ouvido falar que vivemos atualmente a “Era da Informação”. Esse termo é usado, desde pelo menos 1980, por causa das transformações sociais, econômicas, políticas e culturais que vêm ocorrendo sob o impacto da difusão dos computadores. Mas duvido que você já tenha se dedicado a refletir sobre as transformações geopolíticas que surgiram e surgirão diante da onda tecnológica que nos vem tragando há quarenta anos. Pudera! Esse tipo de reflexão costuma estar nas mentes e nos livros mais especulativos. Uma dessas […]

A grande mudança de paradigma

Como Marshall McLuhan explica a degeneração da vida política do ocidente iluminista. O mundo inteiro está sofrendo, desde mais ou menos a época da Segunda Guerra Mundial, uma profunda mudança de paradigma cultural, ao fim da qual o ser humano como conhecemos deixará de existir. Caso a própria humanidade ainda exista dentro de cem anos, seu modo de pensar e de agir será muito diferente do atual. A análise desta mudança requer um trabalho muito mais detalhado do que este autor tem condições de fazer, […]

O Mito da Acessibilidade

Uma das maiores polêmicas em que os jovens autores se envolvem é a questão da “acessibilidade”, um termo muito mal empregado no contexto da edição de livros. Teoricamente, o termo se refere a meios através dos quais pessoas deficientes de algum sentido teriam acesso a um lugar ou conteúdo. Por causa da acessibilidade existem os livros em braille, para que os cegos possam ler, os livros infantis têm letras grandes, adequadas à faixa etária, foram criados softwares de leitura para permitir que os cegos usem […]

Em Nome de Stallman e Torvalds, Salvai-me!

Devo ser o único ser vivente neste sistema solar que ainda insiste em usar nomes de arquivo padrão 8.3 (não, minha idade não é da sua conta). O arquivo se chamava roseira.odt (e isso não tem nada a ver com o título, exceto que em uma das histórias há um roseiral). Se você acha que isso é receita para algum azar, deve ter razão. Não sou, também, nenhum exemplo de organização. Há mais a fazer do que tempo para organizar o feito. Meu computador está […]

Literatura em Equipe ou “A Morte da Autoria”

Há algum tempo eu fui convidado pelo blog “Revolução E-Book” a escrever uma série de artigos sobre a minha opinião sobre a referida Revolução. O resultado foi uma série de artigos chamada “[Carta Aberta ao Senhor Motorista do Tanque](http://www.letraseletricas.blog.br/lit/2011/10/carta-aberta-ao-senhor-motorista-do-tanque-indice)”, na qual eu me coloquei na posição do chinês que tentou impedir a coluna de tanques de avançar para a Praça da Paz Celestial, em 1989. Tal como ele, eu não tenho muita ideia do que estou fazendo, sei que não vai adiantar e provavelmente estou […]

O Derretimento Irreversível de um Passado

> O teu futuro é duvidoso > Eu vejo grana, eu vejo dor > No paraíso perigoso > Que a palma da tua mão mostrou. > — Cazuza (“Bete Balanço”) Setembro de 2014 marca o fim de um momento na história da internet, e da cultura pop como um todo: desaparece o Orkut, a primeira das redes sociais a ganhar tração e estabelecer padrões de comportamento on-line. Com o seu fim o Google está enterrando para sempre, de forma irreparável, uma série de momentos, criações […]

Mapas, Cartas, Diários e Outras Antiguidades

Ocorreu-me ontem, ao ler mais uma sinopse de romance, o quanto nós ainda estamos presos ao passado de formas que não percebemos. Os índios do Xingu tem um conceito que expressa bem isso. Segundo narrou Orlando Villas-Boas, quando ele e outros sertanistas acompanhavam os índios em caminhadas pela floresta, se os brancos forçavam muito o ritmo, os índios pediam para fazer uma parada. Depois de ver isso ocorrer várias vezes, perguntaram-lhes por que e os índios disseram que os brancos queriam andar muito depressa, mas […]